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quinta-feira, 6 de outubro de 2016


CONVENTO DO BEATO



Eleições Autárquicas

Esclareça-se, antes de mais, que o problema que aqui me traz não reside, propriamente, no Convento do Beato.

Bem pelo contrário:  o Convento encontra-se, tanto quanto sei, recuperado e muito bem conservado, nele se realizando alguns eventos elegantes ou culturais da Capital.  Quanto a este, a única "miséria" a apontar seria, assim, o não ser visitável, nem mesmo se conseguindo ver ou fotografar o exterior, a não ser a partir da via pública - por exemplo através de alguma frincha de algum menos bem cuidado portão que por ali se possa encontrar, como aconteceu com a imagem à direita...


O problema reside, antes, no conjunto de edifícios degradados - alguns dos quais não passam, já, de ruínas - que envolve o Convento;  e é deste que vos trago algumas imagens que quase por si só irão falar.

Eleições Autárquicas Lisboa


Para a "reorganização" do belo "Complexo Histórico e Arquitectónico do Convento do Beato" parece existirem planos;  pelo menos, a fazer fé no cartaz afixado no n.º 38 da Rua do Beato - quase ilegível, de tão desbotado que está.
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O Convento e os imóveis que mais proximamente o rodeiam são, ao que consegui apurar, propriedade da "Portugal e Colónias", como ainda a designam por aqueles lados.



Localizados na confluência da Alameda do Beato com a Rua do Beato, todos estes aparentam estar devolutos;  pelo menos, os que dão diretamente para a via pública, já que aos outros não tive acesso.

Neste, acima, à esquerda, terá funcionado, há muito tempo, um supermercado, mas, desde então, nenhuma outra utilização lhe é conhecida.


Nos restantes que dão para a Rua do Beato, funcionaram, em tempos, indústrias diversas, desde a eletromecânica à têxtil;  parece ter ali existido uma fábrica de fechos de correr cujos edifícios iam até à via férrea.








O acesso far-se-ia pelo degradado n.º 32, que, segundo por ali dizem, daria também entrada para o que foi o Pátio do Miranda
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Continuando até onde a Rua do Beato dá lugar à Rua do Açúcar, encontramos a entrada para o Pátio da Quintinha.

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Segundo uma publicação disponibilizada pela Junta de Freguesia de Marvila, "este páteo já foi casa senhorial pertença da família do Marquês de Marialva.  Ficou «quintinha» face à grande casa do Marquês.  Pode-se chamar Pavilhão Marialva porque talvez tivesse tido as funções de apoio a um antigo Cais Marialva.  Ainda mantém belíssimos azulejos do século XVII" (Marília Abel e Carlos Consiglieri, in "Marvila" - Dinalivro - Lisboa, 2006 - pág.97).

Pois bem, aqui fica uma imagem bem atual do Pátio da Quintinha.






Depois do Pátio, mais um edifício degradado.
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A joia da coroa deste miserável conjunto encontra-se, porém, mesmo em frente, do outro lado da rua.





Trata-se, ao que consegui apurar junto de um morador vizinho, de uma antiga refinaria de azeite, tão antiga já que mais ninguém por ali perto foi capaz de me dizer do que se tratava.






Completamente degradada, serve hoje de refúgio a pessoas sem abrigo e a toxicodependentes, que por ali pernoitam, perante a complacência da Câmara, da Junta de Freguesia e da Guarda Nacional Republicana - que tem instalações paredes meias com o decrépito imóvel.








Aqui ficam algumas recordações do interior, e da evidente insalubridade que impera na lixeira em que se transformou.








O que vale é que já há licenciamento para obras... como em quase tudo quanto está a cair de podre na nossa cidade de Lisboa.


E, a julgar pela imagem,  quão recente o licernciamento deve ser...
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Um "conjunto arquitetónico" a recordar;
e a visitar, no próximo evento a que por ali assistir.


Este local situa-se na área geográfica de intervenção da:

  • Junta de Freguesia do Beato
  • Junta de Freguesia de Marvila




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Alguns Links:
Convento do Beato (Junta de Freguesia do Beato)
Convento do Beato António (e-cultura)
Incêncio Destruiu 70 por Cento do Convento do Beato (Eclésia)
Convento do Beato Reabre Hoje (Público)

segunda-feira, 16 de novembro de 2015


Insólito: UTILIDADE PÚBLICA



Todos somos iguais.

Todos sabemos isso.

Somos iguais também perante a lei, tanto nos direitos que nos confere, como nas obrigações a que nos vincula.

Sabemos, também, que aos mais desfavorecidos devemos
 todos nós e também a lei, dedicar um especial carinho e atenção.




Não quer, porém, isto dizer que, mesmo nas coisas mais simples, mesmo nas normas mais elementares e cujo cumprimento é possível por parte de qualquer cidadão, seja de permitir desvios e ostensivas desobediências, particularmente quando existem, seguramente, alternativas, e quando o espalhafatoso desrespeito à vista de todos se reflete, necessariamente, na imagem que outros povos e sociedades dos quais economicamente dependemos têm de nós.


Referindo-me ao caso concreto que hoje venho partilhar, não me parece admissível que, a pernoitar ao relento num local por onde, diariamente, passam centenas de turistas das mais diversas nacionalidades, haja uma sucessão interminável de pessoas sem abrigo que utilizam o chafariz que, no Largo do Correio-Mor, foi edificado para "Utilidade do Público" como lavatório para as suas quotidianas abluções.


Muito menos, que as executem da forma espalhafatosa, se não provocatória, mesmo,
de que as imagens mais não dão do que uma pálida ideia.

Ou que, por todo o Largo, se encontrem outros pertences dessas pessoas que os turistas que por lá passam vão fotografando, talvez para levar para as suas terras natais uma ideia mais nítida da realidade humana lisboeta.


Tudo isto se passa mesmo em frente à CPLP, e praticamente nas barbas da Secretaria-Geral do próprio Ministério da Administração Interna, de quem depende a PSP, responsável pelo policiamento da via pública alfacinha.

Custa-me, também, aceitar que, tratando a Polícia de, pontualmente, assegurar a deslocação para outras paragens de um ou outro locatário do Largo do Correio-Mor, logo de seguida outro ali se instale, semanas ou meses a fio, até que algum agente lá se lembre de, finalmente, o convidar a mudar-se.

Não se diga, por fim, que a situação se mantém e se repete por não ser a sua prevenção ou repressão da competência dos agentes de serviço na Secretaria-Geral do Ministério:  quanto entram e saem do serviço vêem, necessariamente o que, todos os dias sem exceção, se passa no Largo do Correio-Mor, mesmo ali à porta.  Mas, ao que parece, não reportam, nem chamam o carro-patrulha para que se ocupe de procurar resolver a situação..

Ah, mas ainda não valei da Câmara!


A Câmara Municipal de Lisboa, vai, passivamente, assistindo à degradação da imagem nacional, enquanto se entretém a promover obras descabidas nas Avenidas Novas, e a licenciar a construção, na Baixa alfacinha, de hotéis e mais hotéis;  por outras palavras, a garantir que, quando daqui a uma meia dúzia de anos, boa parte desses estabelecimentos estiver devoluta o Misérias de Lisboa continuará a ter o que fotografar:  hotéis devolutos, testemunhos de uma então extinta via fácil, mas efémera, para captar receitas turísticas, perante uma mais do que comprovada incapacidade para captar residentes para a Baixa de Lisboa.

As modas passam, e o mercado não chega para todos.
Isto, só não vê quem não sabe - ou prefere não saber - contar.


Até lá, pelo menos façam umas obrazinhas no chafariz, que delas bem precisa, e...  se não tiverem, mesmo, meios para resolver a situação social de quem por ali costuma ficar, façam-nos ver que existem, por certo, outros sítios onde pernoitar.


Ou, então, desistam dos hotéis, dos tuk-tuks e dos turistas.

Assim, na "balda", é que não me parece que o turismo na Baixa vá prosperar.



Este local situa-se na área geográfica de intervenção da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior.



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