segunda-feira, 25 de setembro de 2017


O JARDIM DAS «JOLAS»





Em parte do espaço outrora correspondente à estação de elétricos do Arco do Cego existe, hoje, um espaço verde denominado Jardim Arco do Cego (e, a fazer fé no que lá diz, não Jardim do Arco do Cego, que as pessoas parecem cada vez mais alérgicas a preposições e suas contrações).

O em tempos aprazível Jardim é delimitado pelas avenidas Duque d'Ávila, dos Defensores de Chaves, João Crisóstomo e de Dona Filipa de Vilhena.



Mas...  não se deixem enganar pela imagem, que é antiga,
e mostra algo bem diferente daquilo que, hoje, lá podemos encontrar.


câmara municipal de Lisboa

Para quem não sabe, vem a propósito desta história começar por dizer que, aos mais agradáveis fins de tarde e princípios da noite de anos passados - principalmente na Primavera e Verão - o Jardim se transformava num gigantesco bufete ao ar livre, onde centenas de pessoas entornavam, uns atrás dos outros, copos de cerveja fornecidos, mediante um esquema de desconto por cartão, por duas ditas "cafetarias" da Rua de Dona Filipa de Vilhena.
cml

Mais de cem barris ali eram despejados diariamente e, segundo relatos de residentes na zona, ao princípio da noite os excessos eram de tal ordem que não era raro ver por ali ambulâncias do INEM, chamadas para assistir pessoas em coma alcoólico.

De facto, o cartão com o nome de uma marca de cidra e o cartão "11 Jolas", além de, ao que parece, contribuírem para deixar boa parte daquela boa gente num estado evidentemente lastimável, inundavam a área e as residências que a circundam de uma inimaginável barulheira até altas horas do serão, barulheira que se espraiava pelas redondezas, quando dezenas de indivíduos completamente "emborrachados" se dirigiam, finalmente, para suas casas, berrando os excrementos produzidos por cérebros completamente embrutecidos pela bebida descontrolada, perante a inércia de autoridades que, ou nem lá estavam, ou parecia não estarem.


Outro impacto extremamente negativo daquele animado "convívio" era a javardice em que o Jardim todos os dias ficava, com latas, copos e porcaria da mais diversa espalhada pelo relvado e áreas circundantes.

Durante anos, eram os funcionários encarregados da limpeza pública que tinham de limpar aquilo tudo.
Dizem-me, porém, que, entretanto, terá a Junta de Freguesia chegado a acordo com os proprietários da "cafetarias" para passarem eles a suportar os encargos.  Se assim foi, ou não, não sei.

A escandaleira era tamanha que até a nossa anquilosada Câmara Municipal lá acabou, ao fim de não sei quantos Verões, por entender que, de facto, aquilo era uma vergonha e não podia assim ficar.

Mas...  como resolver o problema sem cair na desgraça - leia-se "perder votos" - daquela gente toda?  Porque isto de fazer o que já não se pode disfarçar que é, mesmo, preciso fazer é muito lindo mas... se vamos assim, de qualquer maneira... enfim, sabe-se lá, não é verdade?

A solução - brilhante - parece, então, ter sido, muito simplesmente...  fechar o Jardim.  Para obras de "remodelação".  Por um prazo de três meses e, mesmo, prometendo "ser breves.
No entanto, como, se repararem bem, quase sempre acontece com estes cartazes da Câmara, escrevem lá o prazo, é certo...  mas não a data em que começa a contar!
O que é ótimo, claro, porque, não havendo data de início, nunca algum prazo lhes será possível, pelo menos aos nossos olhos, ultrapassar!

Certamente que o Leitor tem, aí mesmo perto de sua casa, um qualquer cartaz deste tipo, a anunciar uma destas importantíssimas obras de cosmética que por aí proliferam, neste tempo eleitoral.

Ora vá lá espreitar:  encontrou o prazo, não encontrou?   E... a data em que começou a contar
Pois...



Notem bem que não quero, com isto, dizer que o prazo para as obras no "Jardim das Jolas" já esteja ultrapassado.  Mas dizem-me que os três meses, se não passaram já... devem estar prestes a passar.

Um trabalhador que por lá encontrei garantiu-me, aliás, que o Jardim seria reaberto "lá para o fim de Setembro".  Este Setembro.

No entanto, vejam bem o que, nos últimos dias, por lá encontrei (a cima e ao lado), e (abaixo) a "evolução" deste então...




Afinal, no "fim do mês" já nós estamos;  e o chão continua por acabar, a relva por aparar e replantar, e os graffitti por limpar.

Fora o resto, é claro. está...




Outra questão premente, que a "remodelação" não acautelou é o facto de, no Jardim passearem, ao longo de todos os dias, dezenas de cães.


Reservar, assim, uma parte do relvado para um parque a eles destinado teria, naturalmente, a virtualidade de tornar mais agradável o passeio e facilitar a tarefa dos donos e, simultaneamente, reduziria, em alguma medida, o espaço utilizado pelos bebedores de jolas que por ali deambulam.

Como é possível que ninguém disto se tenha lembrado?

Ou que não se tenha assim considerado?

Não sabem?

Pois é bem simples:  projetos feitos, como sempre, em gabinetes distantes,
sem o prévio cuidado de os enriquecer com a sensatez de um pequeno trabalho de campo.


O que mais poderá ser?



Mas esperem, que há mais.

Como vai sendo habitual na gestão da Câmara Municipal que temos, esta brilhante solução para o problema do "Jardim das Jolas" foi, também, uma decisão atabalhoada e tomada em cima do joelho.

Isto, bem o demonstra o facto de, para esta altura, ter estado agendado, pelo, menos um evento para este espaço, mais especificamente "A Arte da Big Band", no âmbito de um dos "Festivais" que caracteriza a rentrée política da Edilidade - "Lisboa na Rua 2017" -, a ter lugar pelas 19h da Sexta-feira 1 de Setembro...  e que acabou por se realizar no Campo Grande, já que o Jardim Casa da Moeda estava fechado para obras.  E está.

Vê-se bem que, quando o catálogo geral foi editado, ainda o evento estava previsto para o Arco do Cego.

Eis senão quando alguém, à última hora, resolve fechar o Jardim;  e, toca de correr à tipografia para ver se, pelo menos no folheto simplificado que foi editado depois, ainda se iria a tempo de alterar.

                                              


Apenas mais uma camarária trapalhada, enfim...

E... depois das obras?   E depois das eleições?

*) Quando o "Jardim das Jolas" reabrir, como será?
*) Que vai a Câmara fazer para acabar com o que na relva acaba vomitado?
*) Para reduzir a barulheira, os palavrões cuspidos alto e a bom som?
*) Para não desviar ambulâncias da assistência a quem delas necessita sem ter feito por isso?
*) Para quando legislação que proíba o consumo e bebidas na via pública?
*) Para quando a fiscalização das autoridades e a detenção de indivíduos que, na via pública, se encontrem em estado de embriaguez?


Sem rei nem roque, que Cidade é esta, afinal??


Até lá, vamos passando e olhando para aquela miséria.
E tentando adivinhar quando foi que, afinal, a contagem do prazo começou.

E quando irá acabar...



À Vossa!   Hips!

Até breve, no
Jardim das Jolas!


Wish you were beer too!



Este local situa-se na área geográfica de intervenção da
Junta de Freguesia de Avenidas Novas.




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Alguns Links:

Manifestação contra o aumento do preço da Jola no Arco do Cego está no Facebook
Arco do Cego - O Jardim da Cerveja que É Odiado pelos Moradores (IOnline)
O Jardim do Arco do Cego é o Novo Bairro Alto dos Estudantes (Diário de Notícias)
Arco do Cego Vai Ser Reformulado Devido ao Ajuntamento Massivo de Estudantes (Shifter)
Moradores Continuam a Queixar-se dos Ajuntamentos no Jardim do Arco do Cego (O Corvo)
Jardim do Arco do Cego (CML)
Jardim do Arco do Cego (Wikipedia)

quarta-feira, 20 de setembro de 2017


LISBOA... NA RELVA


Espetáculo, não é só o que se passa no palco.

Pensar o contrário, seria minimizar a importância do muito que se passa na envolvente, na sala, ou nos bastidores.

Centrando-me nos dois primeiros, devo começar por dizer que não é habitual poder associar a eventos da Fundação Calouste Gulbenkian aspetos menos positivos, seja no campo da logística, seja no da organização.

Duvidas não me restam, assim, de que, para eles se manifestarem, foi necessária a infeliz associação da Fundação às ações de rentrée politica da Câmara Municipal de Lisboa, mais propriamente à "Lisboa na Rua 2017":


Desta vez, no entanto, Lisboa não ficou "na rua",
mas, literalmente, "na relva".

câmara municipal de Lisboa
Refiro-me à apresentação da "Carmina Burana" no passado dia 9 de Setembro, no Vale do Silêncio, aos Olivais, em que nenhum assento digno desse nome foi disponibilizado aos espetadores - mesmo aos  enfermos ou mais idosos -;  nem foi, previamente, anunciado, que assim iria acontecer.

A brochura da Fundação dizia que "Pelo terceiro ano consecutivo, a Orquestra Gulbenkian reforça o compromisso de sair da sua casa em busca de novos públicos no contexto mais informal, levando composições de confirmado apelo universal a habitar espaços menos habituais de Lisboa, enquanto se afirma como um elemento vivo no quotidiano da cidade (...), propõem a conhecedores e curiosos o contacto próximo, no cenário convidativo do Parque do Vale do Silêncio (...)".

cmlPor seu turno, a brochura da CML anunciava, mais singelamente, que "Neste Lisboa na Rua apresentamos ao ar livre um concerto de excelência que poderia acontecer em qualquer uma das grandes salas de espetáculos do mundo: (...)"

Destes dois pequenos trechos poder-se-ia, então, concluir que o evento teria lugar num aprazível espaço ao ar livre, em contexto informal, um evento digno de uma grande sala de espetáculos.


Esqueceram-se, no entanto, ambas as brochuras de referir que o lugar "aprazível" era um parque quase votado ao abandono, onde não faltam folhas velhas e lixo, devendo os espetadores jazer num relvado aparado mas quase careca de relva, tendo como alternativa ficar sentados numa espécie de caixotes de cartão, acessíveis, unicamente, a quem se dispusesse a "secar" durante mais de um quarto de hora numa interminável fila.

Isto depois de aqueles que não tinham acesso fácil através do metropolitano ou habitavam as redondezas terem passado tempos infinitos a poluir o ar e a gastar combustível na procura vã, para estacionar, de um inexistente lugar.


No Sábado 9 de Setembro, foi isto o que aconteceu.


O estado em que se encontra o "lugar aprazível" está, em parte, documentado nas imagens que, acima, vos tenho vindo a mostrar.

Para se chegar ao relvado, há que, em qualquer ponto, atravessar a mata, onde, às folhas secas há vários dias amontoadas, se junta a habitual e contemporânea lixarada de noitadas ao relento à base de fast-food para partilhar.



De um lado, a lenta construção de um recinto desportivo;  do outro, escolióticas balizas sem rede, que talvez um dia terão servido para jogar.

Bem exemplificativo do quase abandono a que o Parque está votado, é o estado em que se encontram as tabuletas. O espaço parece estar abrangido por um qualquer regime legal; mas, após ter consultado todas elas, continuei sem conseguir apurar qual...



Chegados ao recinto do espetáculo, um relvado que mais parece um campo pelado,
com gigantescas falhas de relva e muito pouco verde onde os incautos se pudessem sentar.




Relva verde, verde, só mesmo à noite,
à luz dos holofotes da mesma côr !



Por altura do ensaio geral, ninguém, ainda, imaginava que iriam ser distribuídos "caixotes" de cartão para os espetadores se sentarem.  Vi, assim, alguns moradores das redondezas partir e voltar com cadeiras desmontáveis, provavelmente trazidas de suas casas.  Outros, mais prevenidos ou mais habituados a estas andanças, precaveram-se com mantas e artigos similares.

No entanto, ainda poucos dias antes tinha eu estado, no Campo Grande, a assistir a um concerto de Jazz, integrado no mesmo "Festival";  e havia lá uma razoável centena de cadeiras em plástico disponível para quem tivesse de se sentar, ou quisesse fazê-lo.  Lembro-me, também, de, anos atrás, um outro concerto da Fundação Gubenkian, no Terreiro do Paço, onde contei cerca de 1200 cadeiras, nas quais se sentou mais de metade da assistência;  pelo menos, daquela que, com antecedência, no local se quis apresentar.

Por que razão, então, não terão os Olivais e a "Carmina Burana" tido direito a igual tratamento ?

Terá alguém, entretanto furtado as cadeiras ??


Uma vez mais sem qualquer aviso, quem se preparava para assistir ao espetáculo lá acabou por descobrir, escondido ao lado do palco e à direita de quem para ele estava está virado, um pequeno recinto repleto de caixas, das quais sete apressadas e pouco bem encaradas pessoas afanosamente retiravam estruturas de cartão às quais davam a forma de quase paralelipípedos sobre os quais os espetadores, após exasperante "seca" numa longa fila, acabariam por se sentar.

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Mas não são os concertos da Gulbenkian para todas as pessoas de todas as idades?
Não alardeia a Câmara Municipal um suposto e constante cuidado com a gestão das acessibilidades?
Como entender, então, que, igualmente para todos, independentemente da idade e da capacidade de locomoção ou de sustentação, apenas tenham sido disponibilizados assentos deste tipo?
Como explicar!

Ou é tudo a fingir?

"Olhe, Avó, sente-se lá nisso , que é o que há!

Ou, então, voltamos para casa, que não podemos fazer mais nada!

Oh, Henrique, podes ir tu com ela?
Gostava, mesmo, de ver isto..."


E lá volta o Henrique a casa,
com a mãe da sogra, mas sem a "Carmina".


Que tristeza!

Que tristeza, Fundação!
Entretanto, junto ao palco, os que podiam enfileiravam-se numa espera de mais de um quarto de hora.

Para muitos, uma espera que se seguia a bastante mais de um outro quarto de hora à procura de um inexistente lugar para estacionar.

Porque, no calor da guerra - evidentemente perdida... - contra o automóvel, a nossa Querida Edilidade parece empenhar-se, agora, em promover eventos em locais onde, muito simplesmente, não há lugares de estacionamento disponíveis.  Isto, claro está, independentemente da distância a que os interessados em assistir ao espetáculo possam residir, ou da possibilidade de acesso com recurso ao transporte público por parte dos mesmos.

"OLIVAIS PRECISA DE TODOS"...
MAS, POR MUITO LONGE QUE MOREM,
 NÃO TRAGAM O CARRUNCHO, POR FAVOR!

Assim parecem implorar as pessoas que, por toda a alfacinha Cidade,
de braços sempre cruzados,
parecem expessar uma indómita vontade de inertes se deixar ficar!




Fica um pedido à Fundação Calouste Gulbenkian:

é excelente a ideia de saír à rua.
Mas escolham, por favor, a quem dão o braço nessa saída!

Aqui, deram um valente tropeção...







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Aqui perto, veja também:

AVENIDA INFANTE DOM HENRIQUE (EXPO)



terça-feira, 12 de setembro de 2017


Insólito: O Mealheirinho da EMEL



Já aqui vos falei do estacionamento quase selvagem - e que considero absolutamente ILEGAL - que, com o beneplácito da Câmara Municipal de Lisboa, é prática corrente na Avenida Almirante Gago Coutinho [veja aqui].

Uma situação bem mais séria se nos depara, no entanto, na Avenida do Brasil: não apenas o estacionamento sobre os passeios se encontra, igualmente institucionalizado, como a Empresa Municipal que o "gere" (EMEL) se arroga o direito de COBRAR por essa mesma ilegalidade!


Ou seja:  além da gestão "habilidosa" que é feita nos passeios na Gago Coutinho, temos, na Avenida do Brasil, uma gestão "espertalhona", em que, não apenas a maior parte da largura do amplo passeio do lado direito de quem sobe do Campo Grande [veja aqui] é, muito simplesmente, subtraída ao usufruto do peão, como a EMEL cobra - e aplica coimas - sobre um suposto direito à exploração de estacionamento num espaço por si ocupado mas que, por direito, lhe não pertence, nem pertence aos automobilistas:

PERTENCE AOS PEÕES!


Eleições Autárquicas Lisboa


Em certos pontos, nem pinos de demarcação puseram, encontrando-se os transeuntes completamente desprotegidos, e, tal como em toda a Gago Coutinho, completamente à mercê do "critério" dos automobilistas quanto à melhor zona do passeio onde plantar a viatura.  O que não deixa de ser surpreendente por parte de uma Edilidade que parece ter declarado guerra aberta a tudo quanto é automóvel...


Por toda a Avenida se procura, aqui e ali, um cantinho onde espetar um sinal de "Parque", por muito torto que esteja;  
um mealheirinho a alimentar com mais alguma coisinha para engordar o municipal pecúlio, a esbanjar em grandes obras de cosmética para eleitor admirar.

Os passeios da Avenida do Brasil parecem ser um dos exemplos mais ilustrativos do ataque continuado, por parte da Câmara, da Câmara ao direito à circulação pedonal, estando a maior parte da largura de ambos os passeios ocupada:  ou por uma ciclovia decrépita e servindo - como todas as outras - um número diminuto de utilizadores, ou por estacionamento automóvel manifestamente ilegal.

Eleições Autárquicas Lisboa

E, ainda por cima, ESTACIONAMENTO PAGO!



Perguntar-se-á:  porquê ?

Qual, de facto, a justificação "técnica" para que, em situações aparentemente idênticas,
o estacionamento seja cobrado na Avenid
a do Brasil e, na Gago Coutinho, não?


A resposta é, provavelmente: "PORQUE SIM!"...

Como tanta coisa arbitrária e racionalmente inexplicável que acontece na Cidade.


Este local situa-se na área geográfica de intervenção da Junta de Freguesia de Alvalade


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terça-feira, 5 de setembro de 2017


Insólito: CICLOVIA PARA AUTOMÓVEIS


Durante várias décadas existiram, no troço da Avenida Visconde de Valmor compreendido entre, de um lado, o cruzamento com a Avenida Magalhães Lima, Rua de Dona Filipa de Vilhena e Rua do Arco do Cego e, do outro, o cruzamento com a Avenida dos Defensores de Chaves, duas faixas de rodagem;  e também, de cada lado da Avenida, um estacionamento longitudinal.

Tudo corria, neste cenário, às mil maravilhas.

Eis senão quando sentiu a nossa Querida Edilidade uma irreprimível necessidade de dotar a dita artéria de uma ciclovia.  Talvez, quem sabe, para que a enorme quantidade de alunos que se desloca de e para o Liceu Filipa de bicicleta - se houver uma dúzia, tiro o chapéu... - o possa fazer em maior segurança.

Meu dito, meu feito, a primeira coisa de que se lembraram foi eliminar a faixa de rodagem do lado esquerdo, que passaria a servir como estacionamento longitudinal;  e este, pintado de novo, como ciclovia.  Mas...


Do que os ilustríssimos e profissionais Técnicos da Câmara Municipal de Lisboa parecem não se ter lembrado foi de que as bicicletas são, em regra, mais estreitinhas do que os pópós.  E vai de reservar para a ciclovia a mesma largura de faixa que, anteriormente, estava destinada ao estacionamento dos últimos.

Como facilmente se pode constatar na imagem à direita, é, ainda, bem visível, escondidos a preto, o traçado dos anteriores lugares.


Ficámos, assim, com algo que bem poderia ser uma ciclovia para automóveis,
uma inovadora "autovia".




Resultado:

  • largas dezenas de centímetros de largura de asfalto ficaram desperdiçadas;
  • estas largas dezenas de centímetros poderiam ter sido muito mais bem aproveitadas, em parte, alargando um pouco a única faixa de rodagem que sobreviveu;
  • e, o resto, deixando algum espaço para que os condutores que estacionam à esquerda pudessem sair das suas viaturas sem ter de pedir licença aos pinos que demarcam a ciclovia.


Se não se lembraram...  já é mau!
Mas...  é tudo nos gabinetes?
Não há quem observe, quem fiscalize?
Quem vá lá??!!


Além de tudo o mais - que não é pouco -, parecem os competentíssimos Técnicos ignorar que nem todos os carros são Smarts e afins, e a largura dos lugares de estacionamento que foram marcados é insuficiente para a maioria das viaturas.

Simplesmente ridículo !

(Faz, até, pensar que os lugares foram desenhados pela mesma pessoa que, há meses atrás, tratou do traçado das faixas de rodagem da Avenida Fontes Pereira de Melo quando das também "importantíssimas" e "urgentíssimas" alterações ao Eixo Central - faixas essas de tal forma estreitas que aquilo teve de ser tudo redesenhado, tamanha era a ilegalidade...  Adiante).



Ao passar, reparei que andam, por ali uns buldozers a "arranjar o cabelo" da Rua do Arco do Cego.
Canteirinhos, cosmética, o costume...

Por que não aproveitar, então, as obras para arrancar aqueles pinos estapafúrdios,replantá-los mais à esquerda,e dividir o espaço correspondente entreos lugares de estacionamento e a
faixa de rodagem sobrevivente?



Afinal, errar não é vergonha.
Na CML, vai-se tornando um hábito, aliás.

Senão, lembremo-nos, não só, do que sucedeu com o traçado da Fontes Pereira de Melo, mas com o da Dona Filipa de Vilhena, quando alguém teve a ideia peregrina de eliminar o sentido Sul-Norte no quarteirão entre as Avenidas de António José de Almeida e Visconde de Valmor:

ao que apurei no comércio local, a confusão foi tanta,
e os engarrafamentos tais no troço de que aqui tratamos,
que a brilhante ideia durou uma ou duas semanas,
e logo voltou ao que era dantes.

Parece coisa de gente que tem ideias no papel, manda - não vai - experimentá-las no terreno à custa do erário público e, se não funcionar, gasta-se mais algum e volta tudo ao mesmo.

Se é para isto que existem técnicos, então até eu posso ser um deles, na base do "experimenta-se e logo se vê" !

Mas reparemos, por fim, nos rastos de borracha que ficaram marcados na bendita "autovia" de que aqui vos falo:  não parecem demasiado largos para ser feitos por pneus de bicicletas?

Vejam bem...


A resposta é bem simples:  aquilo são rodas de motas 125 que, na hora de ponta e sem possibilidade de ultrapassar os automóveis na única e estreita faixa de rodagem, aceleram pela ciclovia, em contramão, para conseguir ultrapassar!  Mesmo ao andar por ali de passagem, já vi várias, aliás...

Talvez por isso mesmo, os rastos cessam antes do cruzamento, e não continuam ao atravessar:  passados os pinos, as motas retomam a faixa de rodagem e seguem o seu caminho.


Devaneios de um sonhador?

Em todo o caso, ideias inúteis,
que, de alguma forma, o tempo - e a borracha - vão tratando de apagar...


Entretanto... cá estão os Alfacinhas para aguentar!



Este local situa-se na área geográfica de intervenção da Junta de Freguesia de AVENIDAS NOVAS 



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domingo, 3 de setembro de 2017


LA GONDOLA È MORTA!


Um ex-libris dos restaurantes italianos alfacinhas e, sem dúvida, um dos mais antigos.No passado dia 6 de Agosto, fechou, definitivamente, as suas portas.


Vendo bem, não podia deixar de ser.


O terreno era demasiadamente apetecível para a instituição bancária que, agora, o detém ficar inerte perante tão aliciante oportunidade;  e a nossa estimada Edilidade não considera seu dever conservar o pouco património que nos faz, ainda, sentir algo da tradição que Lisboa já foi.

Antes da era da sacrossanta fórmula "tuk-tukhostel", já se sabe.

A frondosa buganvília não sabe que, em breve, a irão matar;  ainda parece viva.
Algumas cadeiras e uma mesa da esplanada parecem despojos de uma última refeição.




Os letreiros ainda lá estão, limpos, como se fosse ontem, mas...
estabelecida há mais de oitenta anos - pelo menos -, La Gondola fechou, mesmo, as suas portas.

Hoje, é esta, meus caros, a

Ementa do Dia
<---------------





Tudo por um entendimento entre a nossa Exmª Edilidade e uma instituição bancária, também ela bem antiga e que, por isso mesmo, deveria, melhor do que muitas outras, compreender o irremediável impacto daquilo que se prepara para fazer.

Não, não foi "por bem".

Foi por patacas.  Poucos sabem quantas.
Não perca os links abaixo:
a quantidade e o que lá é dito mostra bem a medida da indignação
de todos nós, alfacinhas de gema!

Pense nisto, antes de abrir conta!

Afinal, o histórico cultural destas instituições conta, também!


Haverá, ainda, quem acredite nas promessas desta gente?

Auri sacra fames!

A sagrada fome do ouro,

deixa-nos, cada vez mais, uma Cidade sem identidade, sem referências.

Mas faz falta o dinheiro para as operações de cosmética no "Eixo Central".

... e a imponente buganvília vai caindo. Impotente...

Na Avenida de Berna, mesmo em frente à Fundação Gulbenkian.

Este local situa-se na área geográfica de intervenção da Junta de Freguesia de AVENIDAS NOVAS 


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Alguns Links:
Petição "Contra a Demolição do Edifício Restaurante Gôndola e Salvar a identidade das Avenidas Novas"
Restaurante La Gondola encerra este domingo (RTP - com reportagem)
Montepio “afunda” La Gondola na Avenida de Berna (Negócios)
O La Gondola, restaurante "irrepetível" de Lisboa, fecha esta semana (Público)
La Gondola fecha para dar lugar à sede do Montepio (Diário de Notícias)
O (mau) trabalho das autarquias (Observador)
Restaurante La Gôndola vai ser demolido para construir edifício de banco (NIT)
Pois é, se ninguém travar o Montepio e a CML a Gôndola vai abaixo... (Cidadania-Lx)
Restaurante La Gondola fecha para ser demolido e dar espaço a sede de banco (O Corvo)
O La Gondola, restaurante "irrepetível" de Lisboa, fecha esta semana (O Voo do Corvo)
Restaurante La Gondola: Adeus, até ao meu regresso! (Boa Cama, Boa Mesa)
Jóia Veneziana em Lisboa (Nova Gente)
“A grande virtude da La Gondola, foi nunca ter abandonado os processos tradicionais de fabrico...” (Mundo Português)
La Gondola (Onde Vamos Jantar?)
La Gondola - Avaliações e Comentários (Trip Advisor)
La Gondola - Comentários (FaceBook)
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