segunda-feira, 25 de julho de 2016


BAIRRO DE SÃO JOÃO DE BRITO



Uma indefinição legal de mais de 40 anos, em solo municipal, gera
mais uma situação insólita nesta nossa Lisboa!

Imagine concidadãos nossos que, junto à Avenida do Brasil,

não são donos dos terrenos, mas apenas das casas.

Por isso

pagam, à CML, renda e IMI, simultaneamente!


Como se não bastasse,

não podem vender, nem sequer subarrendar


Quando relacionamos São João de Brito com Lisboa, ocorrem-nos, antes de mais, ao espírito as imagens da bela da igreja de Morais Palmeiro...


Eleições Autárquicas Lisboa

...da Avenida de Dom Rodrigo da Cunha...


Eleições Autárquicas 
...ou do verdadeiro centro comercial que encontramos em ambos os passeios do setor Este da cosmopolita Avenida da Igreja.


Bem, mas este não é o Bairro de São João de Brito.

O Bairro de São João de Brito é...
ESTE!

Construído pelos próprios moradores em terrenos da Quinta do Carrapato - à Estrada da Portela - cedidos pela Câmara Municipal de Lisboa, foi lançado nos anos setenta para alojar pessoas regressadas do antigo Ultramar.






No entanto, além de terem tido de tratar da implementação das infra-estruturas e de construir as próprias casas, os habitantes viram-se obrigados a assegurar, também, a pavimentação das ruas - hoje completamente degradada -, a maior parte das quais, decorridos mais de 40 anos, ainda nem nome tem.




As ruas não são tratadas, nem espontaneamente limpas pela CML
, mas pelos próprios moradores - cerca de 400 -, que se encarregam, cada um, da manutenção do espaço adjacente à própria casa.  A limpeza urbana só aparece esporadicamente, e após insistentes reclamações.

"Como uma verruga na Mona Lisa", a Câmara de Lisboa prima, aqui, pela ausência.
Vale, assim, apenas a solidariedade e sentido de entre-ajuda dos moradores do Bairro, que não querem sair de um espaço sossegado onde todos se conhecem bem.



O Bairro de São João de Brito nunca foi requalificado, e existe no quadro de uma incompreensível indefinição legal, que se reveste de aspetos insólitos e caricatos, como pagarem à CML, simultaneamente, renda e IMI, ou não poderem vender o direito de ocupação do solo, ou, sequer, subarrendar a casa.





O mais que a CML parece ter feito foi anunciar, há mais de dez anos, que o Bairro iria ser demolido por se encontrar, desde a década de 40, na zona de servidão do quase adjacente aeroporto Humberto Delgado.  Mas isto foi há mais de dez anos, e, até ver...

Como única estrutura de apoio, conta com o hoje misérrimo e vergonhoso Parque Desportivo Municipal de São João de Brito, de que já aqui falei:
nem uma pastelaria que seja, num esquadra de polícia, nem centro de saúde, nem centro social.



A menos que se considere esta desocupada carrinha da GNR, que, meia oculta pelo mato, por lá encontrei, uma estrutura policial...
Entretanto a degradação agrava-se, inevitavelmente!
As barracas, proliferam;  e, segundo me dizem, o Bairro é, hoje frequentado por toxicodependentes -
e, até, talvez, por quem os abastece -, tudo perante a inércia municipal e policial.

A Câmara considera-o "área urbana de génese ilegal" - e, de facto, assim parece... - na qual não pode existir qualquer construção.

Mas fica, então, a dúvida:
 se os terrenos não foram cedidos para construir casas, foram cedidos...  para quê?

Isto, como todas as iniciativas camarária, faz, claro está, todo o sentido.

Para quem, não sei.

Ou anda, mesmo, tudo doido,
nesta nossa Terra de Santo António??


Por difícil que seja de acreditar, há, agora, quem diga que o destino do Bairro será a transformação em espaços verdes, continuando a chamada Mata de Alvalade.
Mas, tratando-se de tão apetecíveis terrenos, mesmo ali ao pé do Aeroporto e da Segunda Circular ...  acreditamos?
Ou não?
Ou terei entendido mal, e o que se pretende é, precisamente, o contrário:  transformar a Mata e o Bairro numa urbanização de luxo, esquecidos os pruridos com a servidão aeroportuária?

Como responderia, talvez, alguém da nossa Câmara:
If you ask me for a straight answer then I shall say that, as far as we can see, looking at it by an large, taking one time with another, in terms of the average of departments, then in the final analysis it is probably true to say that at the end of the day, in general terms, you would probably find that, not to put too fine a point on it, there probably wasn´t very much in it one way or the other..
"Yes, Minister" - "Sir Humphrey Appleby"



Mas, qual será,
num caso ou no outro,

o destino destes resistentes mas sempre ignorados e desprezados moradores?






Certo, apenas parece ser que, de uma forma ou de outra, com um objetivo ou com outro, o Bairro de São João de Brito, acabará por desaparecer, com ou sem o "sonho missionário de chegar a todos"..


Lá, onde
nem uma improvisada capela há...

...aqui tão perto de nós!

Aqui ficam, pois, para memória futura, algumas imagens atuais, obtidas, como as restantes,
entre 19 de Maio e 19 de Junho de 2016.





É este o verdadeiro, o genuíno Bairro de São João de Brito.

À Estrada da Portela.



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Alguns Links, fontes principais do texto:
SIC Notícias
CML vai demolir bairro de São João de Brito e das Calvanas
Jornal da Praceta - Bairro de São João de Brito

segunda-feira, 4 de julho de 2016


QUINTAS DO ALTO E DO CORREIO-MÓR



Deixando a Avenida do Brasil pela Estrada da Portela, ali ao Pote de Água, encontramos, à direita, o arruinado Parque Desportivo Municipal de São João de Brito, de que já vos falei.

À mão esquerda, um pouco mais adiante, encontramos um tapume decrépito e ferrugento, a ameaçar, seriamente, cair, um dia destes, em cima de algum transeunte ou automobilista incauto que por aquelas cercanias se aventure.

O imponente e decorativo tapume esconde o baldio que hoje se enconttra onde outrora funcionou o armazém Barros & Costa, de materiais de construção.


Ora, como é que a nossa extremosa Câmara Municipal de Lisboa, tão zelosa em certas coisas, deixa aquilo assim, para ali, há um ror de anos, é, por certo, algo que todos gostaríamos muito de saber.


A propósito:  para quem não sabe nem alguma vez espreitou, do outro lado do tapume,
o que existe é...  isto!
Bem, adiante...

O baldio separa os terrenos que, em tempos, corresponderam a duas quintas, cujo estado atual me proponho aqui vos mostrar:  a Quinta do Alto (ou de Vila Real), e a Quinta do Correio-Mór.

Comecemos por esta, a menor das duas, situada mesmo à esquerda de quem, na Estrada da Portela, se encontra de frente para o tapume - e parcialmente ocultada, também, por este.

Embora o belíssimo e decorativo portão da Quinta se encontre fechado, é possível, espreitando por cima ou por baixo dele, vislumbrar um caminho ladeado por algumas construções decrépitas e ferrugentas, nas quais terão funcionado pequenas oficinas e pequenos revendedores de materiais de construção.



A frente oposta ao portão não tem qualquer vedação, pelo que se pode livremente aceder ao terreno, para, tristemente concluir que, do que terá sido uma bela quinta, apenas resta o que as imagens revelam.

Em suma, um triste fim...

Como disse, o tapume ferrugento, na Estrada da Portela, separa esta Quinta do Correio-Mór da Quinta do Alto, que a o Misérias de Lisboa aqui vos apresenta em todo o seu esplendor.
Na imagem - ao cimo, à esquerda -, vemos nada menos do que a Avenida General Norton de Matos, também chamada Segunda Circular de Lisboa.


Se costuma passar por lá...  alguma vez imaginou que, mesmo ali à beira, apodrece um amontoado de decrépitos edifícios que albergam sabe-se lá quantos estabelecimentos - alguns deles, quiçá, clandestinos -, entre oficinas de reparação automóvel, outros armazéns de materiais de construção e vá-se lá saber mais o quê?

A fazer fé no que apurei no local, o terreno pertence aos proprietários da Casa dos Condes de Vila Real - que, no Misérias, antecede -, os quais cobrarão rendas consideráveis por aquela autêntica miséria, que não tem quaisquer condições para existir, que não deveria, evidentemente, existir, mas existe, com a complacência da Câmara Municipal de Lisboa.



A explicação?

Mistério...  Ou não?



No meio daquele caus, isto parece funcionar como o café-restaurante lá do sítio.
<---------

Por certo, quem de direito já lá terá ido ver se tudo se encontra em conformidade com a legislação.

E...  a conclusão?





Aqui, um oásis.

Inesperado.

Mora gente, no meio dos barracões!



Quinta do Correio-Mór e Quinta do Alto.

Origens talvez semelhantes, semelhantes destinos, também.

Mas fica a - grande - dúvida:  uma área desta dimensão, a poucas centenas de metros da Segunda Circular e do Aeroporto Humberto Delgado, deve valer larguíssimos milhões.

O que se passa, então?

Que estranhos interesses estarão a paralisar a mais do que necessária reabilitação?

Ou tudo não passará da proverbial inércia camarária?

Se assim é...  bem podemos esperar.

Em vão.


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