segunda-feira, 4 de julho de 2016


QUINTAS DO ALTO E DO CORREIO-MÓR



Deixando a Avenida do Brasil pela Estrada da Portela, ali ao Pote de Água, encontramos, à direita, o arruinado Parque Desportivo Municipal de São João de Brito, de que já vos falei.

À mão esquerda, um pouco mais adiante, encontramos um tapume decrépito e ferrugento, a ameaçar, seriamente, cair, um dia destes, em cima de algum transeunte ou automobilista incauto que por aquelas cercanias se aventure.

O imponente e decorativo tapume esconde o baldio que hoje se enconttra onde outrora funcionou o armazém Barros & Costa, de materiais de construção.


Ora, como é que a nossa extremosa Câmara Municipal de Lisboa, tão zelosa em certas coisas, deixa aquilo assim, para ali, há um ror de anos, é, por certo, algo que todos gostaríamos muito de saber.


A propósito:  para quem não sabe nem alguma vez espreitou, do outro lado do tapume,
o que existe é...  isto!
Bem, adiante...

O baldio separa os terrenos que, em tempos, corresponderam a duas quintas, cujo estado atual me proponho aqui vos mostrar:  a Quinta do Alto (ou de Vila Real), e a Quinta do Correio-Mór.

Comecemos por esta, a menor das duas, situada mesmo à esquerda de quem, na Estrada da Portela, se encontra de frente para o tapume - e parcialmente ocultada, também, por este.

Embora o belíssimo e decorativo portão da Quinta se encontre fechado, é possível, espreitando por cima ou por baixo dele, vislumbrar um caminho ladeado por algumas construções decrépitas e ferrugentas, nas quais terão funcionado pequenas oficinas e pequenos revendedores de materiais de construção.



A frente oposta ao portão não tem qualquer vedação, pelo que se pode livremente aceder ao terreno, para, tristemente concluir que, do que terá sido uma bela quinta, apenas resta o que as imagens revelam.

Em suma, um triste fim...

Como disse, o tapume ferrugento, na Estrada da Portela, separa esta Quinta do Correio-Mór da Quinta do Alto, que a o Misérias de Lisboa aqui vos apresenta em todo o seu esplendor.
Na imagem - ao cimo, à esquerda -, vemos nada menos do que a Avenida General Norton de Matos, também chamada Segunda Circular de Lisboa.


Se costuma passar por lá...  alguma vez imaginou que, mesmo ali à beira, apodrece um amontoado de decrépitos edifícios que albergam sabe-se lá quantos estabelecimentos - alguns deles, quiçá, clandestinos -, entre oficinas de reparação automóvel, outros armazéns de materiais de construção e vá-se lá saber mais o quê?

A fazer fé no que apurei no local, o terreno pertence aos proprietários da Casa dos Condes de Vila Real - que, no Misérias, antecede -, os quais cobrarão rendas consideráveis por aquela autêntica miséria, que não tem quaisquer condições para existir, que não deveria, evidentemente, existir, mas existe, com a complacência da Câmara Municipal de Lisboa.



A explicação?

Mistério...  Ou não?



No meio daquele caus, isto parece funcionar como o café-restaurante lá do sítio.
<---------

Por certo, quem de direito já lá terá ido ver se tudo se encontra em conformidade com a legislação.

E...  a conclusão?





Aqui, um oásis.

Inesperado.

Mora gente, no meio dos barracões!



Quinta do Correio-Mór e Quinta do Alto.

Origens talvez semelhantes, semelhantes destinos, também.

Mas fica a - grande - dúvida:  uma área desta dimensão, a poucas centenas de metros da Segunda Circular e do Aeroporto Humberto Delgado, deve valer larguíssimos milhões.

O que se passa, então?

Que estranhos interesses estarão a paralisar a mais do que necessária reabilitação?

Ou tudo não passará da proverbial inércia camarária?

Se assim é...  bem podemos esperar.

Em vão.


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3 comentários:

  1. Bom dia,
    Faz-me também muita pena ver em que estado se encontra esta "Quinta do Alto" que foi a residência dos meus bisavós D. Miguel Aleixo (Paraty) e D. Isabel de Sousa Botelho, filha do Conde de Vila Real. Também lá viveu a minha Avó Júlia, antes de casar com o meu Avô Henrique de Paiva Couceiro. Tenho na minha documentação várias referências à Quinta do Alto, um menu do jantar que lá teve lugar antes do casamento dos Avós Henrique e Júlia, o testamento da bisavó Vila Real que lega ao meu Pai um móvel "que está na Quinta do Alto" e que eu tive o privilégio de herdar, etc. O proprietário actual seria então o meu primo Fernando de Sousa Botelho de Albuquerque, actual conde de Vila Real e de Mangualde. Também pergunto porque razão esta quinta não é posta à venda? Parabéns por este blog.
    Miguel de Paiva Couceiro

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  2. Muito obrigado pelas suas simpáticas palavras, bem como pela informação que teve a amabilidade de disponibilizar.

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  3. Nascido e criado na bela quinta do alto (1999). Que não mude (mais do que já mudou) e sirva de "museu" para que possamos ver, onde e como, grande parte da população lisboeta viveu desde os anos 50. Convido toda a gente a fazer uma visita a esta cápsula do tempo. Por vezes fotografias não são suficientes e nunca devemos esquecer, muito menos de propósito, as nossas origens. E é curioso como a estrutura em pior estado de conservação é aquela que de todas tinha a melhor qualidade de construção, precisamente a casa dos Condes de Vila Real.
    Parabéns pelo belo blog.
    RB.

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