quinta-feira, 1 de outubro de 2015


RESTAURANTE PANORÂMICO DE MONSANTO





Mandado erguer, em 1967, pela Câmara Municipal de Lisboa, foi inaugurado no ano seguinte, como restaurante predileto das elites do Estado Novo.

Acabaria, todavia, por se tornar manifesta a falta de viabilidade económica do empreendimento, especialmente dada a distância do centro da Capital, bastante agravada pelas notoriamente deficientes acessibilidades.

De facto, o acesso é miserável, por uma estrada de asfalto que desafia os melhores amortecedores.

O edifício de cerca de 7000m² e construído a 205m de altitude, é, no entanto, ainda hoje um dos melhores miradouros alfacinhas, com uma deslumbrante vista sobre praticamente toda a Cidade.



Desenhou-o Chaves da Costa, e decoraram o seu interior Luís Dourdil ( murais ), Manuela Madureira ( azulejos ) e Querubim Lapa ( painéis ).
Após diversas mudanças de mãos, de encerramentos, de reaberturas, o restaurante ter-se-á finado já no início deste século.

Desde então, as sucessivas e intensas vandalização e degradação levaram-no ao estado que as imagens que se seguem documentam, em que os graffiti ultrapassam, claramente, em quantidade os poucos elementos decorativos que ainda por lá ainda se aguentam.

A vandalização só parece ter, agora, parado, porque, tirando um baixo relevo no exterior, uns painéis no interior - ainda intocados - e, no piso inferior, algumas madeiras, parece já nada mais haver para furtar ou destruír.





Quem o visitar em dias de ventania, ouve, por todo o lado, a queda constante de vidros de outros materiais que por lá andam, ainda, pendurados pelas janelas e pelos tetos.


Teoricamente, está vedado, por razões de segurança;  mas um buraco na rede - sempre o mesmo desde há sabe-se lá quantos anos - faculta o acesso a quantos, a troco das mais belas panorâmicas de Lisboa, por lá se vão arriscar.

Teoricamente, também, é policiado 24 horas por dia.  Mas andei por lá à vontade, tal como duas outras pessoas que andavam a fotografar panorâmicas sobre Lisboa, sem ver quem quer que fosse a guardar fosse o que fosse.





Diz-se que a recuperação custaria duas dezenas de milhões, milhões esses que a Câmara não parece ter para gastar.
Digo gastar, e não investir, porque a estrutura não parece, de facto, ter grande viabilidade económica, pelo menos na área da restauração, do bingo, como escritório, até como armazém, que tudo isto já terá sido;  ou não teria, por certo, tantas vezes mudado de ramo e de gerência.
Dado que se trata de um ponto especialmente estável da Cidade, pensarem instalar por lá a Proteção Civil - o que haveria de ter a sua piada, quanto mais não fosse para ver como é que iam fazer para pôr carros de bombeiros carros de bombeiros a circular por aquela miserável estradinha...
Estará o edifício classificado, não podendo, por isso, ser demolido?

Não passa, assim, de uma incomodidade para a CML, que não sabe como se livrar daquilo.

Mas há quantos anos anda a Câmara a falar
e a dar entrevistas sobre o assunto ?

The less you intend to do about something, the more you have to keep talking about it..
"Yes, Minister" - "Sir Arnold Robinson"


Entretanto, nesta Lisboa que pretende, segundo dizem, desenvolver cada mês mais o Turismo, onde os hotéis nascem como cogumelos,
ali está aquele mono, bem visível de quase toda a nossa turística Cidade.
Um apocalíptico monumento à inércia,
à incapacidade para gerir,
à pusilanimidade política,
a um marketing sumamente ineficaz.



Se não sabem o que lhe fazer, salvem os painéis e os azulejos e arrasem-no, mas... tirem aquilo dali !

Ou salvem-no, se puderem.

Ou tapem tudo aquilo !

Mas respeitem-no, pelo menos, por aquilo que algum dia foi, pelas recordações que em alguns deixou.


Como nota de rodapé, direi que passei, há dias, pelo nobre edifício onde trabalha a nossa esforçada Edilidade.

À porta, uma faixa gritava: "A PINTURA ANTES DE TUDO".

Tratava-se de uma exposição comemorativa do centenário do nascimento, precisamente, do pintor Luís Dourdil.

"Jornal do Centenário", apenas uma breve referência ao trabalho do Mestre no Restaurante Panorâmico de Monsanto, mas nada de reprodução dos murais.

Adivinhem lá porquê...


As fotografias que vos trago foram, todas elas, obtidas em meados de Agosto de 2015.

Aqui ficam mais umas quantas, para ver e meditar.

Sem mais palavras, que as imagens falam mais alto.













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1 comentário:

  1. Malta hoje fui e fui abordado por um guarda florestal que me pediu os documentos e tudo mais . eu nem fugi nem nada pois não fui lá pintar nem partir nada. Alguém sabe ou já passou pelo mesmo. Eu nem fui multado nem nada. Apenas queriam a minha identificação

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