Quem, depois de deambular pela agora sem dúvida aprazível Avenida da Ribeira das Naus, chega ao Cais do Sodré, logo dá de caras, em pleno Verão, com um restaurante abandonado.
Ainda por cima o que melhor se vê...
Foi emitida uma licença para obras de remodelação e ampliação, por 60 dias, contados a partir de 15 de Abril de 2015; mas os 60 dias há muito passaram, e aquilo... para ali ficou.
Mas, enfim; este mais não é do que o "aperitivo" para um longo passeio por uma bem degradada zona de menos de 100.000m² da nossa alfacinha Cidade, com uma notável concentração de misérias, como iremos ver,
Dada a extensão deste artigo, optei por excluir, exceto pontualmente, a Avenida 24 de Julho, que, a seu tempo, irá ser objeto de um levantamento próprio.
Dada a extensão deste artigo, optei por excluir, exceto pontualmente, a Avenida 24 de Julho, que, a seu tempo, irá ser objeto de um levantamento próprio.
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Comecemos, então, pelas misérias da Rua dos Remolares, mesmo ali ao pé.
O 20 a 22 está completamente devoluto, e no 25, 27 e por aí fora apenas aparenta subsistir, ainda, algum comércio, nada se vendo nos pisos superiores que sugira alguma atividade.
Bem, mas isto são misérias a fingir: podre, mesmo podre, está o 42 a 46, ali perto da Praça da Ribeira Nova.
Ah, mas atenção: segundo li na Internet, pertence a um fundo gerido por uma gigantesca instituição financeira do Estado que garante que, quando estamos fora, trata muito bem de nós. Mas, e quanto ao que se passa cá na Terrinha ? É o que se vê.
Já lá puseram, até, um placard daqueles em que a tinta desbota facilmente, pelo que já deve ter existido um pedido de licença, há não sei quantos anos atrás.
Mas.. nem tudo está perdido: no início de Abril passado, a tal instituição financeira que zela pelos nossos emigrantes garantia que ia reabilitar "a curto prazo" o imóvel... e, afinal, ainda nem cinco meses passaram.
Portanto, haja Fé. Que só com Esperança, parece que isto de reabilitar Lisboa não vai lá.
Ora, logo em frente, agora na Rua da Ribeira Nova, temos, também mesmo oposto ao Mercado e quase vazio, um prédio já sem muitos números, um dos quais é o 32.
No fim da rua, o 50 a 64,
no estado de abandono que aqui bem se vê. --------->
Chegados à Praça de Dom Luís I - não sabia que tinha havido um segundo... -, encontramos o antigo edifício dos Correios em acelerada reabilitação. Mas...
Na esquina com a Rua de Dom Luís, um edifício vazio, selado em todas as janelas dos pisos superiores.
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É o 13 a 26.
Pegado a ele, mas já na Rua Dom Luís I - primeiro, atenção, mas sem "de" -, este outro não parece estar, propriamente, a abarrotar de gente. --------->
Depois, a imponente nova sede de uma empresa de eletricidade.
Logo ao lado, o que irá ser, provavelmente, um baldio.
Segundo pude apurar no local, foi cedido para lá ser instalado o estaleiro enquanto decorreu a construção da tal nova sede. Agora, concluída esta, estão a voltar a pô-lo como antes estava, para devolver ao proprietário a sua utilização. Ou não utilização...
Em frente, o que parece ser um armazém abandonado.
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A Rua do Instituto Industrial cruza a Rua Dom Luís I que temos estado a percorrer.
Ora, o velho edifício está em ruínas, e a parte que faz esquina para a Avenida 24 de Julho, onde funcionava um stand de automóveis, até ardeu toda, vai para mais de um ano.
Enfim, numa zona tão degradada e abandonada,
não será coisa para admirar...
Ainda na Rua do Instituto Industrial, na esquina com a Dom Luís I, encontramos um moderno edifício até há uns meses ocupado por um banco, e, agora, abandonado.
Diz-se, por perto que, de vez em quando, ainda lá passam a buscar alguma coisa.
Quem sabe se não terá, ainda, algum contador ligado, não vá a Câmara acabar por presumir que está devoluto, e começar a cobrar IMI em triplicado...
Continuando pela Rua de Dom Luís I, temos, à direita e na esquina com o Boqueirão do Douro, velhas instalações de uma oficina de manutenção automóvel.
Em completa ruína, cobertura a meter água, portas e janelas seladas. Como tantos outros, aliás.
Continuando belo Boqueirão do Douro até à Avenida 24 de Julho, mais edifícios devolutos, que não consegui identificar.
Entaipados, também, sem qualquer qualquer sinal de atividade.
Do outro lado da rua, e à falta de melhor coisa para lá pôr, um parque de estacionamento de uma empresa de eletricidade.
Chegados ao fim da Rua Dom Luís I, mesmo na esquina com a Avenida D.Carlos I, um antigo edifício de uma seguradora.
Velho, enferrujado, vazio há , pelo menos, uns dez anos.
Logo atrás, a Rua Cais do Tojo.
Um parque de estacionamento, e instalações fabris e armazéns abandonados. Outros, pelo menos, com aspeto disso.
Uma panorâmica parcial do Largo do Conde Barão documenta bem a desolação que reina por aquelas bandas.
Aqui mais em pormenor...
O "azarado" 13 --------->
O 49, onde parece que uma loja, teimosamente, insiste em continuar a existir...
Ainda no Largo do Conde Barão, um edifício devoluto no 50-56.
Trata-se do Palácio dos Almada-Carvalhais.
Aqui, há um pormenor interessante.
A fazer fé no que se lê no placard afixado no portão, também este imóvel é propriedade de um fundo pertencente à mesma gigantesca instituição financeira do Estado que garante que, quando estamos fora, trata muito bem de nós.
Ocorre, assim, perguntar: quantas das misérias imobiliárias de Lisboa serão, direta ou indiretamente, pertença dessa instituição financeira, nomeadamente na zona do Cais do Sodré?
Passemos, então, à Rua da Boavista, onde encontramos, completamente devolutos, o 51-59, o 66-70 (devoluto há uns bons dez anos) e o 80-94;
e o 46-52, o 34-36 e o da esquina com a Travessa do Marquês de Sampaio, que já nem números tem.
Será todo este acervo de tralha propriedade de fundos imobiliários? E, a sê-lo, será o IMI em triplicado uma medida suficiente dissuasora? Não haverá, mesmo, quem tenha mão neles?
Na esquina com o Boqueirão dos Ferreiros, o grande edifício abandonado onde funcionou uma universidade.
Continuando a nossa caminhada, eis-nos chegados à Rua de São Paulo.
O 192, o 166 a 176, o 140 e 142 (devoluto há uma decada, pelo menos)...
O 112 e 114, e mais outro, e mais outro.
Nesta zona da Cidade, prédios diferentes, mas todos iguais na sua triste sina. Referir todos reduz-nos a uma interminável cacofonia de números de portas.
A maior parte da Praça de São Paulo é um enorme edifício desocupado, que faz esquina com a Travessa de São Paulo.
Estará assim há quanto tempo?
E que mono caduco é este na Rua Nova do Carvalho?
Ainda com roupa lavada a secar à janela?
Num imóvel nestas condições?
Reparem na cobertura!
O que anda a nossa Câmara a (não) fazer?
I recommend we set up a committee with broad terms of reference,
so we´re in a position to think through the various implications
and decide based on long-term considerations
rather than rush prematurely into precipitate and ill-conceived actions so we´re in a position to think through the various implications
which might have unforeseen repercussions.
"Yes, Minister" - "Sir Humphrey Appleby"
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Na mesma Rua, o que esperam estes dois?
Esperam que bem-aventurado projeto? Esperam... o quê?
O que - ou por quem... - esperam todas estas misérias em que, a cada passo,
tropeçamos na zona a Oeste do Cais do Sodré, em Lisboa?
Este local situa-se na área geográfica de intervenção da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior.
Este local situa-se na área geográfica de intervenção da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior.
Alguns Links:
Espaços Percorridos:
Travessa dos Remolares
Rua dos Remolares
Praça da Ribeira Nova
Travessa da Ribeira Nova
Rua do Instituto Dona Amélia
Praça de Dom Luís I
Rua Dom Luís I
Rua do Instituto Industrial
Boqueirão do Douro
Rua Cais do Tojo
Travessa Cais do Tojo
Largo do Conde-Barão
Pátio da Galega
Rua da Boavista
Boqueirão dos Ferreiros
Rua de São Paulo
Rua da Moeda
Beco da Moeda
Praça de São Paulo
Travessa de São Paulo
Rua Nova do Carvalho
«Chegados à Praça de Dom Luís I - não sabia que tinha havido um segundo...»
ResponderEliminarEsclarecimento: Para que haja um primeiro não é necessário haver um segundo, o que não pode haver é segundo sem primeiro. Veja-se o Papa João Paulo I, que já o era antes de haver "II". E o Rei Juan Carlos I de Espanha.
Curiosidade: De todo o modo, a verdade é que houve um Rei Dom Luís que foi segundo: Nos poucos minutos que sobreviveu a seu pai, Dom Carlos I (lá está: "I"), ambos assassinados por terroristas republicanos em 01-02-1908, o Príncipe Real, Dom Luís Filipe foi heroicamente Rei de Portugal - Dom Luís "II" - disparando sobre os assassinos que igualmente o abateram...